Resenhas

Meu 2020 em livros: 60 livros lidos e 1 publicado

Em 2020, eu infelizmente não tive a elegância de Pirlo, mas aos trancos e barrancos, ao menos sobrevivi. O que já é muito.

Falando sobre livros, eu tinha colocado como meta ler 60 em 2020, e foi exatamente o que fiz, na risca. Nem um livro a mais, nem um livro a menos. O que só confirma que esse foi um ano em que fizemos apenas o mínimo para continuar seguindo.

De qualquer forma, foram boas leituras. Também escrevi algumas coisas e publiquei outras. Vamos falar de tudo isso aqui, na Central Sobre a Minha Vida que é esse SÍTIO NA INTERNET.

Comecemos falando sobre os livros que li e o meu já costumeiro ranking anual.

Chega a ser bizarro olhar a lista de livros de 2020 e pensar que a leitura de muitos deles aconteceu em uma realidade que não existe mais: dentro do metrô, em uma padaria tomando café, etc. Ler também tem muito disso, misturar o momento que você está vivendo com a história que se apresenta ali. E depois, quando você lembra de um livro que leu, lembra também de como você estava quando isso aconteceu.

Essas são as leituras e as lembranças que vou levar de 2020:

Como disse, minha meta de 2020 era ler 60 livros. Para isso, eu continuei usando o método de ter uma lista fixa na Amazon, e ir monitorando diariamente quais dos meus livros desejados entravam em oferta. Desse modo, fui adequando minha fila de leitura conforme surgia um preço bom. Também voltei com o Kindle Unlimited, porque consegui uma promoção. Diante disso, dá para dizer que, no geral, gastei pouco e li muito.

E assim construímos o pódio a seguir:

🏆📚 Prêmio Tati Lopatiuk de livros lidos em 2020📚🏆

5º lugar: Vermelho, Branco e Sangue Azul, por Casey McQuiston.

Esperei quase um ano até que esse livro entrasse em promoção e valeu a pena. Eu me emocionei e me surpreendi muito com a história desse amor jovem e proibido entre o filho da presidente dos EUA e o Príncipe da Inglaterra. A narrativa perfeita, divertida e leve, me inspirou muito nos meus próprios escritos.

4º lugar: Contato De Emergência, por Mary H. K. Choi.

Esse livro me marcou muito pela poesia inesperada da narrativa, tudo tão delicado e bonito! É sobre duas pessoas que se encontram em um momento crítico de suas vidas e, sem dar por isso, vão construindo juntos uma amizade e amor slow burn.

3º lugar: Eu, Elton John, por Elton John.

Me diverti horrores com essa leitura. Já sabia que Elton John é um grande artista, só não imaginava que ele era tão bom em contar histórias. E que histórias! O livro é enorme, mas você lê em um estalo, de tão divertido e fluído.

2º lugar: Scar Tissue, por Anthony Kiedis.

Outra biografia que me cativou muito. Não precisa ser fã do Kiedis ou de Red Hot Chili Peppers para se deixar levar por esse livro. Em uma narrativa meio onírica, absurdamente carismática, Kiedis vai contando seus feitos e a gente segue junto, hipnotizado.

lugar: Por que crianças matam – A história de Mary Bell, por Gitta Sereny

Um dos livros mais pesados que já li e acho que o mérito dele é justamente esse: trazer essa história terrível sendo contada de maneira tão inteligente e sensível que você não consegue parar de ler. A vida de Mary Bell, que aos 11 anos matou duas crianças, de 3 e de 4 anos, é revista em cada detalhe, nos ajudando a entender (jamais justificar) os motivos das suas ações.

✏⚽ Os meus livros em 2020 ⚽✏

Quanto à minha escrita, 2020 foi um ano em que eu tive muitas ideias, mas pouca energia para fazer algo com elas. É claro, foi um ano atípico, e por mais que o frenesi por se sentir produtivo tenha me atingido como atingiu tantas pessoas, por outro lado eu precisei lidar com o fato de que nem sempre a gente está com cabeça para criar.

No campo das realizações concretas, escrevi e publiquei uma fanfic, o quinto volume da minha série “O Evangelho Segundo Leo Messi”.

Trazendo uma versão ultrarromântica e, diriam, verídica, do que aconteceu na noite da renovação de votos de casamento de Luis Suarez, Aconteceu Naquela Noite está disponível de graça no Wattpad. Você pode ler aqui.

Já nos planos, projetos e sonhos em andamentos, a gente deixa para 2021. O que nos leva ao próximo tópico.

💡❤ Metas e projetos para 2021 na literatura ❤💡

Primeiro de tudo, quero concluir o meu romance Verão do Amor, sobre o qual já falei aqui quando do NaNoWriMo. A escrita está bem avançada, o que é tão reconfortante quanto desesperador e, sendo sincera, não quer dizer absolutamente nada. Espero tê-lo pronto até maio. Em alguns momentos, me pergunto em maio de que ano, mas vai dar tudo certo.

Eu tenho fé.

Além disso, pretendo escrever um conto curto, só para voltar a exercitar esse formato. Ainda não sei sobre o que seria esse conto, porém não tenho pressa. Um dia de cada vez. Não é como se a gente fosse sair daqui tão cedo.

E nas metas de leitura para 2021, venho com uma perspectiva diferente para o próximo ano: quero ler menos. Pois é. Estou cansada da minha própria obsessão. Quanto mais leio, mais me cobro sobre o que nunca vou ser ou conquistar, então é melhor focar em mim e tentar resolver isso de maneira mais consciente. Um livro de cada vez. Menos de quatro livro por mês.

Para 2021, quero ler apenas 30 livros.

Eu acho que vai ser ótimo. Nos vemos lá. Me encontre no GoodReads para saber em tempo real como isso está indo. 🙂

Processo Criativo

#NaNoWriMo ou o mês em que escrevi TODOS os dias

Bom, primeiro que é engraçado dizer “o mês em que escrevi TODOS os dias”, porque eu escrevo todos os dias sempre, o meu trabalho é escrever. É literalmente a minha profissão, fora de brincadeira. No entanto, nesse contexto aqui, o que quero contar é que em novembro eu escrevi todos os dias para o meu livro, o meu novo projeto, o meu livro de número 14, que ainda está em construção e teve um avanço enorme com o NaNoWriMo.

E o que é o NaNoWriMo, me pergunta você, os olhos vidrados, a sola do pé coçando porque nesse calor tá assim de mosquito embaixo da mesa. Eu explico. Não os mosquitos, essa eu deixo para a ciência. Já o NaNoWriMo, eu meio que consigo explicar.

NaNoWriMo, este é o site, o povo adora uma sigla, nada mais é do que o National Novel Writing Month, um desafio anual de escrita literária que acontece na internet durante todo o mês de Novembro. O projeto consiste em fazer os participantes escreverem um texto de 50 mil palavras entre 1º de Novembro até o dia 30 do mesmo mês.

Para ajudar nessa missão, a plataforma oferece vários conteúdos inspiradores e também técnicos, além de ferramentas para ajudar você no monitoramento da sua evolução na meta, e mais bagdes e conteúdos fofinhos que não acrescentam em nada, mas ficam lindos na tela. A ideia geral é que um conteúdo com 50 mil palavras já é um livro, então a promessa é de que, participando do desafio, no primeiro dia de dezembro você já tenha um livro pronto para publicar. E publique.

Claro que, na prática, não é tão simples assim. Ter 50 mil palavras não quer dizer que você tem um livro. No entanto, ter um rascunho de 50 mil palavras já é um começo e algo bem difícil de conquistar, e por isso considero esse desafio tão válido.

A iniciativa existe desde 1999 e eu já tentei participar outras vezes, sem sucesso. Dessa vez, decidi meio no improviso e rolou. Mais do que bater as 50k palavras, eu quis usar a plataforma para me ajudar a ter algum senso de organização na minha escrita para esse meu novo livro em questão, que andava bem caótica.

Então, peguei esse meu rascunho, já com 37 mil palavras, e decidi retrabalhar nele durante o NaNoWriMo. Assim, passei o mês reescrevendo basicamente tudo e descobrindo, palavra por palavra, aonde aquela história queria me levar.

Aqui e nas imagens a seguir, prints do meu perfil no NaNoWriMo.

Para ajudar também, e isso o NaNoWriMo não faz, mandei esse rascunho inicial para uma leitora beta, que me retornou com vários pontos onde eu poderia desenvolver melhor a história. Assim, eu tinha bastante no que trabalhar.

Vale dizer que o NaNoWriMo é muito (parece ser muito) sobre números, bater a meta, mas a verdade é que essa gameficação de ter que atingir 50 mil palavras impulsiona você a escrever mesmo naqueles momentos em que está meio blé e “sem inspiração” (já explico as aspas). E isso desbloqueia a sua criatividade não só para esses momentos, mas para quase todos.

Cada pessoa tem um processo diferente. Normalmente quando escrevo um livro, gosto da coisa romantizada de escrever durante 22 horas seguidas e depois ficar dez dias sem lembrar que existe o rascunho. Foi esse ritmo que fez, em parte, o meu rascunho começado em agosto estar tão longe de sua conclusão no começo de novembro. No entanto, quanto mais escrevo, seja profissionalmente, seja por hobby, mais entendo que enxergar a escrita como arte possível apenas pela inspiração é algo muito bonito, mas pouco prático. Em algum ponto do processo, você precisa arregaçar as mangas e se forçar um pouquinho para fazer acontecer.

Isso ficou muito claro para mim com o NaNoWriMo. Me forçando a escrever todos os dias, não é que eu chegava no meu rascunho e escrevia 100 palavras quaisquer só para bater meta. Na verdade, o que aconteceu é que passei a desdobrar o ato de escrever em mais possibilidades entre primeiro escrever tudo e depois revisar tudo, que era o meu ritmo padrão. Nem sempre eu tinha ideias de como avançar com a história, então eu voltava em algum ponto já definido e desenvolvia melhor, acrescentava uma cena, explicava melhor um contexto. Em outros dias, já chegava animada para um novo capítulo e avançava na trama — e avançava com mais qualidade, porque ali nos dias anteriores “sem inspiração” eu já tinha construído a “cama” para essas novas ideias.

A minha rotina de escrita seguiu a mesma durante todo o mês. Como acordo às 5h, era das primeiras coisas do meu dia, e me dava duas horas para escrever até começar a trabalhar (estou de home office). Nem sempre eu escrevia por duas horas inteiras, teve dias em que eu pensava por duas horas inteiras e escrevia três frases. Nesses momentos, lembrava sempre do que li na newsletter do Vitor Martins, de tentar escrever por pelo menos dez minutos. Muitas vezes, esses dez minutos viravam quinze, trinta e até 45, e assim ia. Às vezes, se tornavam dois turnos em horários distintos. Eu acho que nunca teve um dia em que escrevi apenas por 10 minutos de fato, mas muitos dos dias em que escrevi por horas não teriam acontecido se eu não tivesse me esforçado por aqueles dez minutos iniciais.

Por isso eu coloco aspas em “sem inspiração”, já que a inspiração é, na verdade, um conceito muito subjetivo e, mais do que tudo, uma ferramenta que precisa ser alimentada. É claro que ficar sentada bebendo uma cerveja pensando na história que você um dia vai escrever quando tudo der certo é uma delícia, mas a verdade é que essa inspiração só vai servir a você se você colocá-la em ação. Caso contrário, você só está se frustrando, desperdiçando a sua energia e as suas ideias em projetos que nem tem a coragem de começar. Porque, no fim, não importa se você acha que não sabe como colocar aquela ideia no papel, não importa se você acha que ainda não é o momento porque você não sabe como começar. Você precisa tentar de qualquer forma, porque é só fazendo que você descobre como fazer.

Além disso, o fato de escrever todos os dias mantém a história muito fresca e presente na sua memória. Como eu escrevo pela manhã, era muito comum passar o dia atenta a detalhes, músicas, filmes, conversas e histórias que eu presenciava e descobrir maneiras de aproveitar isso no meu texto.

Nos finais de semana, eu tentava mudar um pouco e escrever à noite. O que me mostrou que sou uma pessoa zero noturna, pois nesses dias minha história evoluía bem menos.

Ainda assim, sim, escrevi todos os dias. Em alguns dias, mais de 2 mil palavras, em outros, só 100. Em muitos, apagando 500 palavras e escrevendo 95, mas ainda assim, evoluindo.

E então, ontem, dia 30 de novembro, o NaNoWriMo chegou ao fim e o meu rascunho inicial de 37 mil palavras tinha se transformado em uma história muito mais aprofundada de 53.252 palavras.

Para além dos números e da meta batida, eu terminei o desafio pessoalmente muito satisfeita comigo. E sabendo muito mais, imensamente mais, sobre meus personagens e minha história, o que vai me possibilitar seguir a diante com muito mais facilidade e qualidade.

Eu avancei consideravelmente na história, corrigi rotas, aprendi mais sobre mim e sobre o meu processo de escrita. E agora? Pois é, esse é o próximo passo.

E agora?

Os meses após o NaNoWriMo são conhecidos na comunidade como “What Now?”. Nesse ponto, a ideia é que se foque em revisar o projeto e, estando pronto, publicar. Com alguma margem de erro, 50 mil palavras equivale a um romance de 150 páginas, o que já está ótimo para uma publicação regular.

No meu caso, no entanto, publicar ainda está bem longe nesse processo. Geralmente meus livros têm, de fato, 50 mil palavras. Para esse projeto, porém, eu sinto que ainda vou precisar de mais para concluir a história. Até por ter me aprofundado mais na escrita, descobri que existem alguns arcos que ainda preciso arrematar antes de dizer que o livro está pronto para suas muitas revisões, leitura de critique partner e leitura sensível, passos imprescindíveis antes da obra chegar ao público.

Assim, o que vou fazer agora é tirar uns dias de folga (se é que eu vou conseguir, estou tão envolvida!), tentar arejar meus pensamentos e voltar com tudo para concluir esse projeto. E isso, então, seguindo a rotina que aprendi com o desafio, e principalmente a regrinha dos dez minutos.

Tudo isso para dizer que, sim, valeu muito a pena participar do NaNoWriMo e que pretendo levar ele comigo de alguma forma não só para esse projeto, mas para tudo o que envolve a minha escrita.

E pensar que, em outubro, esse era um rascunho prestes a ser jogado fora simplesmente porque eu não via como continuar, por mais que amasse a história. Acho que o que o NaNoWriMo deixa de lição maior para mim é nunca desistir de algo que você quer de verdade, de todo coração. Você só precisa buscar os meios para fazê-lo, e eles estão todos por aí, incluindo dentro de você, apenas esperando que você se aproprie deles.

Resenhas

Meu 2019 em livros: 58 livros lidos e 2 publicados

The Marvelous Mrs. Maisel (2019)

Bom, eu de fato ainda estou lendo um livro e pretendia ler mais dois até o final do ano, mas o GoodReads mandou o resumo de leituras de 2019, então acredito que é hora de parar.

Que seja.

Em 2019 eu li 58 livros e escrevi/publiquei 2, o que dá um número respeitável que no fim das contas não muda a vida de ninguém – e muito pouco a minha. Falando primeiro dos livros que li em 2019, o GoodReads nos proporciona um belo infográfico com base nas nossas leituras do ano. Infelizmente não tenho todo o conhecimento necessário em tecnologia para trazer esse infográfico para cá, então vamos de improviso.

Em que momento eu li quase 13 mil páginas? O tempo passa rápido quando você está se divertindo, não se pode negar. De todo modo, nessas 12.522 páginas, esses foram os livros lidos por mim em 2019:

Minha meta para 2019 era ler 52 livros, o que daria cerca de um por semana. No fim, acabei lendo 58, um pouco mais, apesar de ter passado por semanas em que não lia nada. Tive períodos em que enjoei de ler e larguei os livros, principalmente quando estava focada em escrever os meus. No entanto, no último trimestre voltei com força total à literatura, o que me ajudou a recuperar o tempo perdido na meta, batê-la e superá-la.

Eu leio principalmente e-book e, a partir do próximo ano, pretendo abolir de vez os livros físicos da minha vida. Para mim já não faz mais sentido uma estante cheia de livros, quero eliminar esse tipo de peso (literal!) na minha casa. E, claro, ler no Kindle ou no app dele no celular, é infinitamente mais prático.

Outra coisa que fiz esse ano foi finalmente cancelar minha assinatura no Kindle Unlimited. Já assinava o serviço há anos e em 2019 percebi que estava lendo dele “por obrigação”, só porque já estava pago. Há tempos não via nada de interessante nas ofertas do serviço e ainda assim só lia de lá para não perder o investimento. O resultado era uma porção de leitura que não me acrescentava nada e me roubava tempo de ler os livros que realmente queria e não estavam na plataforma.

Assim, cancelei o Unlimited e criei uma lista de desejos dos livros que quero ler. Por ali, monitoro diariamente as variações de preço e, quando surge uma oferta, compro o livro, um livro que eu queira mesmo ler.

Tendo dito isso, sem mais delongas, vamos ao…

📚🏆 Prêmio Tati Lopatiuk de livros lidos em 2019 📚🏆

Mais impactante: O espetáculo mais triste da Terra, por Mauro Ventura
Se Não Desisti Foi Por Pouco: Te devo uma, por Sophie Kinsella
Encantador do Início ao Fim: Lendo de cabeça para baixo, por Jo Platt
Aqueceu o Coração: E Se Acontece?, por Melanie Harlow
Ensinou a Viver: Só garotos, por Patti Smith
Desgraçou Minha Cabeça: Você Nasceu Para Isso, por Michelle Sacks
Me Senti Jovem:  Escrito em algum lugar, por Vitor Martins
Apoie seu Artista Local: Nossas Cores, por Adriel Christian
Mulherão da P0rra: As Garotas, por Emma Cline

O Grande Favorito & Mais Amado de 2019:

🌟 Variações Enigma, por André Aciman 🌟

O ano de 2019 foi intenso para o André Aciman, para dizer o mínimo. O autor de “Me Chame Pelo Seu Nome” lançou a tão esperada continuação da trama de Elio e Oliver e o romance, com o título de “Me Encontre” foi… Uma decepção plenamente esquecível, para ser bem educada.

No entanto, Aciman é um romancista incrível. Isso não muda. E em “Variações Enigma“, romance que não tem nada a ver com o arco Elio/Oliver, isso se pode ver com perfeição. Uma experiência sensorial sobre o amor, Aciman consegue se superar a cada página desse livro de 2018. Tudo é doce, real e pungente na narrativa do autor. Seu personagem, Paul, fala diretamente conosco – falando de si mesmo, desnuda o nosso próprio coração.  Foi o melhor livro que li em 2019 e já entrou para os favoritos da vida.

💋🤓 Os meus livros em 2019 💋🤓

Eu comecei 2019 tentando encontrar um caminho para um projeto de 2018. Estava enrolada no desenvolvimento desse que seria meu décimo e último livro. Algumas conversas com a minha melhor amiga, e até uma abordagem no assunto com meu terapeuta, depois, eu consegui encontrar o caminho e finalizar o projeto. Assim, no final de abril publiquei “desaparecer“, uma história com um pé no sobrenatural e o outro no romance.

Depois disso, tinha prometido que não escreveria nunca mais. Mas isso, é claro, não queria dizer nada. Poucos meses, depois comecei a escrever outra história, simplesmente porque a inspiração parecia ser boa demais para ser jogada fora. Me diverti bem mais escrevendo essa trama, sem o peso de ser a última, sem a necessidade de provar nada. Meu compromisso era apenas escrever a história de amor mais farofa que poderia imaginar. E tenho muito orgulho do resultado. “Beijando Horrores” foi publicado em setembro.

Ambos os livros, assim como meus outros cinco romances, estão disponíveis na Amazon. Você pode saber mais sobre todos os meus livros aqui.

💞🤙 E para 2020? 💞🤙

Pois é, não sei. Ainda não saiu a meta literária para o próximo ano no GoodReads, o que ainda me dá um tempo para pensar. Eu imagino que para 2020 eu precise reduzir o ritmo de leitura, por conta de outros projetos pessoais, então no fim a minha meta para o ano deve ser algo entre 12 e 25 livros, mas ainda vou decidir antes de cravar o número final.

Quanto à escrever livros, esse é um plano ainda mais distante. E dessa vez é sério! Eu realmente acho que já escrevi tudo o que podia, e se for fazer algo em 2020, vai ser alguma fanfic super sem compromisso. E ainda, assim, não garanto nada.

Mas a gente vai se falando… E, ah, me encontre no GoodReads! Eu sempre posto por lá resenhas rápidas de todos os livros que leio.

Brain Dump*

#THINKTOBERTHINKTATI – Dia 04: Loneliness

Sei pouca coisa sobre a solidão além de que ela só é boa quando acontece por opção própria. Muito se fala sobre curtir a própria companhia e ver valor em fazer tudo sozinho, no entanto para mim essa só é uma alternativa que pode ser encarada como totalmente saudável se ela não é a única que você tem.

Tenho noção do quanto dói estar sozinho. Às vezes, é preferível estar longe de si mesmo do que sendo sua única companhia. Não tenho muita vivência sobre isso, entretanto. Não que eu seja uma pessoa sempre cercada de gente ao meu redor. A questão é que tenho poucas pessoas na minha vida e tenho a sorte de tê-las sempre presentes de alguma forma. De modo que solidão é algo que pouco experimentei no meu cotidiano.

E como o que não vivo, escrevo – como dizia o poeta -, lembrei agora que tenho um livro todinho sobre uma moça que vive o suprasumo da solidão. Se chama Despertar, como você pode ver na imagem da capa, que leva direto para o livro na Amazon.

Despertar conta a história de Luíza, uma menina super solitária que mora em São Paulo e tem uma rotina mega pacata, até desenvolver um crush no metrô e ter com essa situação inesperada várias mudanças no meu modo de encarar a vida.

Quando escrevi esse livro, não tinha muito em mente além da vontade de contar uma história sobre alguém que “desperta para a vida” através do amor. Eu nem me pretendia soar tão melancólica assim, mas escrevendo você chega a lugares que muitas vezes não eram o destino final a princípio.

Gosto bastante dessa história, por mais suspeito que dizer isso soe, porque mostra a solidão de uma maneira quase poética, com uma boa perspectiva. Luiza não é infeliz por ser solitária, no entanto ela sabe que poderia ser mais feliz se essa realidade mudasse. A chave está, então, em entender isso e buscar uma mudança que caiba no que ela precisa sem mudar a essência de quem ela é.

E no fim, eu acho que é isso. A solidão não é um problema, se ela for a sua escolha. Se o caso não for esse, é importante buscar outras saídas. Você não precisa mudar sua vida por completo, apenas ajustar aqui e ali, até se sentir bem como gostaria de se sentir.

Processo Criativo

Escreva um livro, assista a TV, tanto faz: tudo é escapismo pop e romântico

A segunda temporada de Elite chegou com os dois pés no peito do fã. Still a better love story than Twilight, a novelinha espanhola tem em sua cafonice e dramas desmedidos o trunfo inesperado que conquista pelo coração mesmo o streamer (fiquei em dúvida sobre usar a palavra “telespectador”, um termo hoje tão raso quanto chamar uma pessoa com celular de “datilógrafo”) mais resistente.

Gosto dessa série porque ela é como se Gossip Girl fosse feita com vontade, o que sabemos que não foi. Os crimes, o sexo, a beleza inatingível de todo (eu disse todo) o elenco, os looks, e, ah, o fato de ser em espanhol. Toda vez que a Lucrécia(!) chama alguém de cariño eu desisto de ser ruim com os outros. Toda vez que o Ander beija o Omar eu penso, bom, quem sabe (eu disse quem sabe) o mundo tenha salvação.

Nessa nova temporada, os conflitos se intensificam e extrapolam de um jeito absurdo. A tensão acerca do crime misterioso da vez só não é maior do que a que ronda absolutamente todos os relacionamentos da trama. Até o sonso do Samu, o nosso Ted Mosby latino, consegue ter alguma expressividade. E quem rouba a cena, mais uma vez, é Lucrécia, que precisa provar sua esperteza incontáveis vezes, enquanto, um a um, todos que ela ama a traem pelas costas de algum jeito.

Não me peça para falar de Guzman, eu choro.

Assistindo a essa novelinha, eu me senti mais segura sobre estar no caminho certo com meu novo livro, esse que lancei essa semana. Eu estava finalizando a escrita dele quando a S2 de Elite chegou. Estava bem desmotivada de tudo, como qualquer autor independente sempre está, e os dissabores vivenciados pelos personagens da série me deram força para viver. Não tem jeito, mesmo a história mais cafona precisa ser contada. Só existe um modo de fazê-lo, que é o seu.

No entanto, eu insisto, é cansativo demais fazer todo o trabalho sozinha. Chegando ao meu livro de número onze (insira aqui o gif do JVN dizendo can you believe?), eu me vejo em um ponto onde não tenho mais para onde ir. É como uma droga na qual você é viciado há tanto tempo que não tem mais a opção de tentar parar. Dizendo isso até parece algo muito inspirador ou mesmo pedante. Me acredite, não é nenhum dos dois.

Quando lancei meu décimo livro, prometi que seria o último. Infelizmente, não consigo parar de ter ideias e não consigo parar de escrevê-las. Gostaria de não tê-las mais, e poder dedicar minha energia a outras coisas, como bordado ou artesanato em gesso, por exemplo. Tais atividades não tem uma comunidade ao seu redor que sempre é mais talentosa e bem-sucedida que você, eu acho. Escrever um livro e soltá-lo no mundo, fazendo dele o instrumento mais frágil pelo qual você luta por aceitação é de um sangue frio que eu nunca imaginei que teria. Já fiz isso dez vezes. O meu coração hoje é um pandeiro surrado.

Ainda assim, fiz isso mais uma vez.

Beijando Horrores, o meu décimo primeiro livro, lançado essa semana, é mais uma tentativa de me fazer ser ouvida. Escrever histórias é necessário. Se não para todos, é para mim. Estava quieta no meu canto quando, vítima de mais uma inspiração insuportável e pouco prática, em menos de três meses escrevi a história exata que eu estava precisando ler. Romance, pegação, humor, tudo em uma narrativa simples e rápida, feita para desanuviar a cabeça mesmo.

Não sei se o mundo precisa ler esse livro, mas eu precisava escrevê-lo. Quem sabe meu único compromisso seja esse: comigo mesma. De fato, escrevendo Beijando Horrores, você nota já pelo nome do livro, o meu único compromisso era terminar cada capítulo me sentindo feliz horrores comigo mesma.

Isso eu consegui. Foi assim que comecei e foi assim que conclui essa história. Divertimento puro em um tempo em que nada nos é mais caro do que conseguir terminar o dia sorrindo. Curar o mundo está se tornando uma tarefa progressivamente mais difícil, não conseguimos curar nem a nós mesmos. Da minha parte, fiz o que sei e o que posso: inventei uma história. Caprichei no romance. Coloquei algumas piadinhas. Acreditei, eu quis acreditar, que essa história poderia ser divertida e útil para alguém. Assim como foi para mim criá-la.

Tem uns produtos pop que a gente consome e nos impactam de maneira perene. Mesmo hoje sendo tudo tão descartável e feito para consumo imediato, algumas histórias ficam ecoando na nossa mente por dias, semanas, meses ou até anos. Eu ainda lembro do quanto Call Me By Your Name mexeu comigo. O romance de Jim e Pam, em The Office, foi meu alimento dia e noite por um bom tempo.

Às vezes, no limiar de uma crise existencial causada pela nossa vida a cada dia mais dolorosa, é uma cena boba que nos salva. Seja na TV, na música ou nos livros.

Escapismo pop e romantismo é a minha receita para salvar o mundo. E eu só posso salvar o mundo lá fora começando pelo meu aqui dentro. Cansada de tudo, escrevi mais um livro. Feito Guzman, chorando feito um imbecil por nada, os dentes grandes que mal cabem na boca, eu fiz um escândalo dentro de mim e transformei em uma história de incríveis 261 páginas. Submeti essa história em um concurso. Dormi menos e me alimentei pior, perdi o foco, não foquei em mais nada.

Agora está aí. Se você precisar dela, está aqui. Disponível na Amazon, tendo seu valor por conta do seu preço. Esperando que te atinja com os dois pés no peito, como sabemos que você precisa.

Se não a cultura pop, o que mais faria isso por você? Carboidratos?

Brain Dump*

Messi e Suárez em Ibiza: todo mundo aqui vai sofrer

Falar sobre a origem do meu ship #Messuárez ou do trabalho jornalístico que tenho feito no decorrer dos últimos anos cobrindo essa perigosa amizade seria como falar da origem do mundo, Big Bang e a extinção dos dinossauros: é tudo muito antigo e confuso, não vale a pena.

O jovem hoje só quer saber do agora.

Vindo desse contexto histórico preguiçoso e apressado (diria “dinâmico”, vendo pelo lado positivo), é com um fervoroso ataque de pelanca emocional que recebemos cada nova atualização dessa duplinha. A última da vez: de férias em Ibiza, Messi e Suárez estavam (já acabou a folga) vivendo o sonho (“living the dream”, no original), indo a festivais de música, descansando à tarde na piscina, esquecendo de passar protetor solar e esticando seus corpos atléticos no chão forrado de toalha – mas ainda super quente – de embarcações de luxo onde tudo é de graça porque já foi pago muito antes.

Como qualquer casal com dinheiro o suficiente para não precisar se esconder, mas sabendo que o mistério é bom para apimentar a relação, Messi e Suárez têm um calendário fixo de maneiras gostosas para aproveitar cada momentinho de folga.

Esses homens dão a vida por suas carreiras profissionais, a reforma trabalhista só aleja o pobre, eles podem e vão curtir cada benefício que seus salários astronômicos proporciona.

Sonhos gelados em 2016

Quando esfria eles vão para a Disney, o que parece correto e até mesmo óbvio. Quem não gostaria de ter seu amor abençoado pelo Mickey? Dizem que do alto de alguns castelos de princesa é onde finalmente podemos ser nós mesmos.

Quando a vida parece muito cinza, eles colocam seus matching shortinhos e viajam o mundo em busca de um lugar ao Sol em qualquer ponto do planeta que tenha hotéis child friendly. Até ontem(!), o meu momento favorito desses dias idílicos era a temporada de verão de 2017, quando eles passaram uns dias no iate do Fábregas e ressignificaram o short Adidas como arapuca do desejo.

Qual o comprimento do seu short Adidas, leitor? Cabe a reflexão após essas fotos.

Foram momentos bacanas de muito corpo à mostra e risadas sem ter fim. Eu também sempre me espanto com a popularidade dos chinelos Havaianas ao redor do mundo, apesar de que o ponto do texto não é esse.

No entanto, apesar de todo o carisma dessas lembranças, a temporada 2019 das férias #Messuárez veio com tudo e quebrou paradigmas – e também alguns copos, acho.

Em Ibiza até ontem, nossos garotos tiveram momentos que foram TUDO, como o tal festival de música onde vimos Messi dançando e sendo bobo com a Anto, além de memoráveis vídeos sigilosos de Suárez e Messi conversando enquanto todos dançavam (perdi o link, mas teve isso).

Os beijos ficam para depois, às escondidas.

Fez um sucesso absurdo também a coisa da briga na boate. Assumindo uma nova faceta em sua taciturna personalidade (será crise de meia-idade?) (hoje a crise é a cada dez anos, li num livro), Messi deu uma de troublemaker e reagiu com perplexidade e mutismo (classic messi) quando em uma casa noturna uns barriga de cavalo aleatórios vieram puxar briga. Com seu bbzinho Suárez por perto e Anto sempre de radar ligado, Messi saiu de lá escoltado por seguranças. Como todo acontecimento histórico, a notícia fez a população refletir. No caso, a reflexão foi: nossa, quem iria querer brigar com o Messi, ele é tão bonzinho!

Por favor, não confunda bottom com bonzinho.

Esse é um erro que muitos cometem.

De modos que essa temporada 2019 foi muito emocionante e intensa, nos mais variados sentidos (vou deixar assim porque não sei apontar mais de um). Como biógrafa do casal, me sinto feliz em ter esse conteúdo sendo produzido. Ontem a cereja do bolo foi mesmo a foto dos dois juntos no iate, publicada primeiro no perfil do Suárez e depois no perfil do Messi (eles sempre fazem isso).

Vou colocar a foto aqui de novo, porque eu quero e porque ela tem várias questões que trataremos logo a seguir.

ai papai

Honestamente, é algo intrigante como o Messi pode usar shorts tão curtinhos sendo que, dizem, ele guarda um segredo tão grande. Mas esse é um problema de logística que eu deixo para vocês elucidarem sozinhos em seus momentos de folga, quem sabe no ônibus voltando do trabalho ou em casa enquanto preparam o miojo.

Outra questão é como o Suárez sempre emagrece rapidinho quando quer – e ele só não quer quando o Barcelona exige. Voltando hoje para os treinos, já temos fotos do jogador fininho e bronzeado se exercitando. Aos colega de trabalho, ele segredou: mano, e o messi que quase levou uma na orelha na balada esse final de semana? kk

Quer dizer, eu acho que ele fez isso. Mas eu sou ficcionista.

E assim encerramos a temporada de férias! Infelizmente, a menos que você seja herdeiro, nem todo o dinheiro do mundo vai evitar que você precise trabalhar em algum momento. Por isso, agora guardamos essas memórias em nossos corações e seguimos em frente para temporada 19/20 do futebol espanhol, que promete ser uma bosta como sempre é.

Alegria!

Em tempo: ainda não tive notícia se o Messi já voltou para Barcelona. O último post dele até o momento é dessa foto dos dois juntos esquentando as costas no piso quente, o que é até melancólico, um réquiem de bons momentos e também a confirmação de uma mensagem implícita: esse é o homem da minha vida e é por ele que eu sigo aqui.

Mas eu sou ficcionista.


Leia minha trilogia “O Evangelho de Leo Messi” gratuitamente no Wattpad e fique por dentro de toda a trajetória amorosa do casal #Messuárez. Baseado em fatos reais (sou ficcionista).

Processo Criativo

Quando você escreve 10 livros, você precisa se explicar

É cansativa a vida a escritora independente (Imagem: Jane The Virgin / divulgação)

Fica mais fácil se você fizer um infográfico, então eu fiz.

Bom, meninas. Eu já contei essa história aqui diversas vezes e das mais diversas formas, então, pelo menos uma vez na vida, que vai ser agora, vou tentar ser prática: nos últimos cinco anos eu escrevi dez livros.

Livros de 50 páginas, livro de 300 páginas. Trilogias e duologias, histórias que completas formam um arco definitivo, universos que se visitam ou se olham à distância, coexistindo dentro da minha mente e da minha obra.

Como isso começou? Em 2014, com um câncer e o tempo “livre” durante a quimioterapia. Depois, curada, continuei no mesmo embalo da escrita. Foi um bom exercício de escapismo. Rendeu dez histórias, então deve ter sido útil, também, de alguma forma.

Mas sempre que eu vou contar que já escrevi dez livros, me perguntam por onde começar a ler meus trabalhos. Acabei compreendendo que fica mais fácil se eu fizer um gráfico explicando tudo. Então eu fiz.

Escrevi livros de romance, fanfics, histórias sobrenaturais, enredos românticos piegas e também dei voz à homens tristes e bravos tentando lidar consigo mesmos. Falei sobre garotas que querem desaparecer e outras que olhando para o lado acabam por se encontrar. Falei de tudo o que povoou minha mente e coração nesses últimos cinco anos e antes, coloquei nesses livros tudo o que a minha mente imaginativa, carente e carinhosa já imaginou um dia.

Está tudo aí. Eis o mapa:

Se interessou por algum? Estão todos disponíveis em formato digital, alguns até de graça. Basta clicar e começar a ler.

Leia:

Este é o meu mundo todo, que compartilho com você. Depois me conta o que achou. Vou adorar saber o que essas histórias todas causaram em você, e se elas te tocaram de alguma forma.

Agora vamos criar coisas novas.

Processo Criativo

Como eu publiquei 3 livros de uma só vez

Photo by Thought Catalog on Unsplash

Não parece fácil e realmente não é — mas também não é impossível

Tem essa história que eu sempre conto de como sempre escrevi sobre tudo, mas não escrevia ficção porque tinha vergonha (!) de escrever diálogos. Aí meu marido me disse que isso era a única coisa que me impedia de criar coisas maiores, o que era uma grande besteira. Então, eu simplesmente parei com essa bobagem de ter vergonha e comecei a escrever romances, histórias de ficção.

Incrível como as suas maiores limitações geralmente são apenas coisas da sua cabeça. Difícil mudar isso, mas tendo essa noção, o caminho da mudança fica muito mais suave.

O primeiro livro que escrevi na vida se chama All Across The World. Ele foi um trabalho bruto e brutal, quase físico, já que, enquanto o escrevia, eu estava em tratamento de quimioterapia de um câncer de intestino. De certa forma, escrever era um alívio no meio da realidade dura que eu vivia então. Ele foi publicado no Wattpad e eu escrevia um capítulo e já publicava, uma clara atitude de quem está louca de remédios. A revisão era pífia, o planejamento era inexistente. Eu queria apenas escrever enquanto estava viva.

All Across The World gerou entrevistas para portais de notícias, um fandom (que resiste bravamente até hoje), mais de 18 mil visualizações no Wattpad e duas continuações: uma direta, que saiu como All Across The World 2 e um tipo de spin off, intitulado Perto.

São romances novelescos, chick lit sem medo de ser piegas. Moça encontra rapaz. Tem muito do meu coração ali, bastante erros de principiante e etc, mas o mais importante é que esses livros carregam a minha verdade mais profunda: a certeza de que para escrever um livro você não precisa ser o Bukowski ou a Ferrante. Você não precisa ter tudo pronto. Não precisa saber de tudo ou fazer milhões de cursos para te dar alguma confiança.

Você só precisa começar. Ter uma ideia e trabalhar por ela.

Pode ser que leve anos, mas você consegue.

Essas são as primeiras capas de AATW, meu primeiro livro. A primeira, claramente feita no paint por mim. A outra foi feita depois, pelo Tico. ❤

Nesse ponto, preciso esclarecer que All Across The World surgiu como uma fanfic do Daniel Johns, ex-líder da silverchair e atual artista andrógino do pop eletrônico (Jesus!). Eu me inspirei muito nele nos meus dias de doença porque ele cantou muito sobre seus problemas de saúde (artrite, anorexia, depressão) e ele, tipo, SOBREVIVEU. Eu também queria sobreviver.

Então, inventei Nicky, essa moça paulistana que conhece um cara misterioso e se apaixona por ele, até que um dia… Nada de novo, mas para mim era um mundo sendo descoberto. E consegui imprimir a minha marca ali, criando uma história cativante, divertida e adorável (isso foi o que me contaram).

Capas originais do livro dois. Mais uma vez, a primeira capa eu fiz no paint. Anos depois, o Tico faria essa nova para mim. ❤

O segundo livro surgiu logo em seguida, continuando aquela história. Nicky estava de volta com aventuras ainda mais loucas. Criei algumas tramas paralelas para dar sustentação e, nisso, um personagem que tinha surgido apenas para criar um conflito acabou crescendo muito. Com o final do livro dois, achei que ele merecia um desfecho só dele. Foi aí que surgiu “Perto”.

Capa original de Perto. Essa eu não importunei o Tico e fiz no PicMonkey!

“Perto” foi importante para mim como escritora porque foi o primeiro romance “não-fanfic” que escrevi. Aqui eu já estava um pouco mais experiente — e não estava mais doente — então pude trabalhar um pouco mais a minha ideia, escrever com mais calma e desenvolver melhor os personagens e a minha escrita.

Todos esses três livros foram publicados no Wattpad em menos de dois anos. Como eu disse, eu tinha muita pressa em estar viva.

Eu ainda escreveria mais dois contos (“Invisível” e “Malvarrosa”) no Wattpad, até criar coragem de começar a publicar na Amazon.

Então, fiz o caminho inverso, fui do fim para o começo: peguei esses dois últimos contos e levei para lá como teste. Deu certo, escrevi um terceiro (sexto?) livro, este inédito, Despertar, e publiquei direto na Amazon.

Tendo passado quase quatro anos, com esses seis livros escritos (e mais uma curta fanfic #NeyMessi, pois uma vez fanfiqueira, sempre fanfiqueira!), eu sentia que estava na hora de criar uma história totalmente nova. Quem sabe até uma trama que não fosse uma história de amor, algo totalmente diferente do que já fiz, sabe?

Porém, eu sentia também que faltava alguma unidade na minha obra, porque essa trilogia de AATW estava jogada no Wattpad e os outros livros estavam bonitinhos na Amazon. Parecia que algo estava fora do lugar, incompleto e injusto.

Foi quando me dei conta de que para andar para frente, eu precisaria parar um pouco e dar uma boa olhada para trás. Antes de seguir naquele turbilhão de um novo romance, precisava parar e deixar a casa arrumada. A solução me veio com clareza: eu teria que trilhar o caminho das pedras novamente, pegar aqueles primeiros livros e revisá-los adequadamente para levá-los para a Amazon e deixar minha bibliografia unificada.

Escrever um livro é difícil, reescrever é infinitamente pior. Em agosto de 2017 eu comecei esse processo, que fez com que eu me odiasse, risse de mim, sentisse orgulho e vontade de morrer, tudo ao mesmo tempo.

Em um primeiro momento, a principal preocupação da revisão era tirar o verniz de fanfic da história, então eu mudei nomes de alguns dos personagens e adaptei características que os tornavam caricatos nesse sentido.

Depois, tratei de tirar algumas referências que já soavam datadas, além de, é claro, corrigir enganos e até alguns erros de digitação. Por último, tentei ver o livro como um todo (algo inédito no caso dos dois primeiros, que foram escritos capítulo a capítulo) e tornar a história mais coesa. Foi o momento de tomar a história novamente pelas mãos e ver o que podia mudar, o que tinha que ser cortado.

Nisso muita coisa mudou e foi eliminada, porque quando você escreve um capítulo por semana (e as pessoas esperam a semana toda por esse capítulo), você acaba fazendo-o mais extenso do que deveria, para “durar mais” para o leitor. Em um livro único, essas partes a mais precisavam ser enxugadas, em prol de tornar o livro mais dinâmico. Os capítulos também precisavam ser menores, para dar ao leitor a sensação de que ele leu mais rápido (sim, tem isso), então houve essa reestruturação também.

Para além desses aspectos práticos, foi também um tremendo exercício de olhar para a minha escrita, ver o quanto eu tinha mudado, o que eu pensava de início e como poderia seguir adiante depois de tudo isso. Foi um processo muito trabalhoso, intenso de sentimentos, mas valeu a pena porque eu queria isso. Eu quero isso, então não desistiria jamais.

Ainda pensando na necessidade de desvincular da fanfic (“All Across The World” é o nome de uma música da silverchair), eu precisava de um título novo para os dois primeiros livros da série — “Perto” seguiria sendo “Perto”. Isso é um assunto muito delicado, mudar o título de um livro é como tirar a toalha de uma mesa posta. Conversando com o fandom, chegamos juntas a um novo nome, que condizia com a história e com o meu alinhamento como escritora: Encantamento. Uma palavra só, como em todos os meus livros posteriores. Uma palavra forte e bonita, como a história que ela agora passaria a dar nome.

Meus amigos Tico & Jules mais uma vez entraram em ação e produziram novas capas, tão lindas quanto ver um sonho se realizar com o suor do seu trabalho.

E então, passados quatro anos desde a primeira página escrita e oito meses desde o começo da revisão mais terapêutica que já fiz na vida, eu tinha meus primeiros três livros prontos para serem publicados na Amazon e ganharem o mundo (sendo o mundo tão vasto quanto um Kindle pode dizer).

É com muito orgulho que os apresento agora para você.

Encantamento 1, Encantamento 2 e Perto. Mais uma vez, capas do mais do que talentoso Tico.

Orbitando em missões espaciais pelos confins do universo, astronautas podem ver mesmo da Lua que eu sou a pessoa mais feliz deste planeta. Ao meu lado, meu marido pode ver o quanto estou feliz. Julie, minha melhor amiga, tem recebido incontáveis áudios meus onde eu apenas grito, com uma calma que não tenho, um infinito “aaaaaaaaaaaaaaa” febril e entusiasmado.

Essa é a minha maior realização. E, ao mesmo tempo, é só a primeira.

Com o lançamento desses três livros, encerro um ciclo. Essa foi a minha primeira “era” como escritora. Foram as minhas primeiras experimentações, a época de dar a cara a tapa.

E o que eu aprendi? Escrever não é fácil, mas você precisa tentar. Publicar não é impossível, mas você precisa correr atrás. Seus amigos de verdade continuarão ao seu lado mesmo você só tendo um assunto por quatro anos seguidos. Todo trabalho vale o esforço quando chega ao final.

Escrever pode curar sua alma ao estraçalhar ela todinha. E vai ser bom para você.

Por último? Ah, sim. Eu aprendi que escrever diálogos não é nenhum bicho de sete cabeças. Aliás, hoje eu até escrevo contos inteiros só de diálogos!

Com esses seis livros na rua, eu volto para dentro de casa. E recomeço a criar. Limpo a estante dessas velhas ideias e personagens que me acompanharam por tantos anos e abro espaço para o novo. Dou a vocês essas histórias, para que as conheçam ou as revisitem.

É tudo lindo e maravilhoso, tudo feito com um amor que sempre tive e uma coragem que eu nem sabia que tinha.

Obrigada a todos que estiveram comigo nessa jornada.

Alex, Julie, Tico, Carol e Daniel Johns (poxa, lógico): eu não conseguiria sem vocês.

Aguardem novas histórias. E curtam muito essas, enquanto isso.


Encantamento 1, Encantamento 2, Perto, Invisível, Malvarrosa e Despertar. Você pode encontrar todos os meus livros à venda em formato digital na Amazon. Já Amor em Jogo, a minha fanfic #NeyMessi, você lê gratuitamente no Wattpad.

Estou produzindo meu oitavo livro, ainda com o título provisório de “A Mulher Que Todo Dia Desaparecia”. Não prometo data, mas a intenção é publicar ainda este ano pela Amazon.

Processo Criativo

Exercitando a escrita: sem medo do mudar um pouquinho os rumos

Imagem: Death to Stock

Ou como escrevi uma história de 11 mil palavras em 20 dias

Trabalhando de casa há quase três meses, percebo a minha criatividade brotar nos momentos mais inesperados. E percebo também que já não tenho mais tanto medo dela, deixo as ideias chegarem e tento tratar de resolver o conflito de “escrevo ou não escrevo?” o quanto antes e da maneira mais prática possível: escrevendo. Não tem jeito, o único jeito de fazer é fazendo.

Eu estava no meu horário de almoço, assistindo na TV a um jogo do Barcelona do dia anterior. Macarrão e carne moída escorriam com o calor (guardem essa frase), quando a câmera deu um close no rosto do Messi. O jogador argentino parecia triste com algo que não podíamos adivinhar, mas parecia vir de fora das quatro linhas. Eu pensei:

Cara, o Messi deve estar triste demais sem o Neymar.

No dia seguinte, eu já tinha 500 palavras de uma fanfic sobre a saída do Neymar para o PSG e como isso afetou sua relação com o Messi. Eu não queria escrever uma fanfic naquele momento. Eu não queria escrever nada. Tentei por 24 horas fugir de escrever essa história. Eu tenho mais o que fazer e, além do mais, quem é que precisa de uma fanfic em pleno 2017? E, no entanto, lá estava eu, empolgadíssima com pesquisa, ideias de estrutura para o livro e onde poderia hospedá-lo.

Messi e Neymar. Só de pensar dá um pouquinho de vergonha. Mas, caramba, a ideia era tão boa! Pensando com cinismo, tudo isso é um pouco ridículo. A coisa é que eu não conseguia parar de pensar nessa ideia. Tentei negociar. Escrever aquela história me era irresistível e eu podia resolver rapidinho, contanto que começasse logo. Então, fiz um acordo comigo mesma de terminar com isso de uma vez, tirar aquela ideia da frente para poder voltar para a outras em que já estava trabalhando.

Estou desde o começo do ano revisando livros que escrevi de 2014 em diante. Atualmente na revisão do quinto livro (são seis) e quase terminando, me vi em um ponto em que já estava saturada. Ainda amo aqueles personagens e suas histórias, mas sinto que já tive o tanto deles que era bom. Meu senso de continuidade (existe isso?) me cobra, diz que não posso deixar esse trabalho sem conclusão, preciso terminar essa revisão, colocar tudo no ar e aí seguir em frente. A grande questão é que pode acabar se tornando desmotivador confrontar diariamente uma escrita de quase cinco anos atrás. Embora eu ainda me reconheça nela, mudei muito meu modo de pensar uma história, e muitos vícios de escrita que eu tinha quando comecei me incomodam hoje. Olhando com objetividade o que escrevi nos meus primeiros livros, consigo enxergar todas as minhas intenções por trás de cada linha e ainda que esteja meu coração ali, nem de longe aquela escrita representa como eu escreveria um livro agora.

Então, durante a revisão dos livros, sempre me vinha um pensamento: “eu não escreveria assim hoje”. E de tanto pensar, se tornou uma provocação. Como você escreveria, então? Após aquelas primeiras 500 palavras, percebi com surpresa e muita alegria que a ideia da fanfic #NeyMessi era uma alternativa rápida de provar para mim mesma que meu caminho mudou. E isso me motivaria a voltar para a revisão com mais confiança assim que terminasse essa história em particular.

Comecei no dia 05 de novembro e terminei no dia 25 do mesmo mês. Foram quase doze mil palavras. Nesses 20 dias de intensivão de escrita, me diverti horrores, me atormentei entre me considerar um gênio e um lixo, e me realizei ao ver que posso escrever sobre o que eu quiser. Veja, não é que eu saiba escrever sobre o que eu quiser. Mas eu posso. Não preciso me justificar ou esperar aprovação alheia. Não preciso nem mesmo fazer sentido. Eu faço isso por mim e posso fazer o que eu quiser.

Rápido como começou, o desafio terminou. Hoje o livro está sendo lançado e está do jeito que eu queria que ele fosse, sem tirar nem pôr. E estou feliz demais por ter me permitido seguir em frente com essa ideia, mesmo que a princípio ela parecesse tão fora do que eu podia ou precisava.

Aprendi duas coisas ao escrever esse livro: um livro nunca é sobre o que você acha que é. E você só vai descobrir sobre o que é o seu livro escrevendo-o. Não tem como ficar divagando, imaginando, pensando como seria. Essa ideia vai te assombrar pelo resto da vida e te deixar empacado nela. Escreva logo a porcaria do livro, do artigo, do conto, do textão. Escreva logo e ao invés de ter uma grande e nebulosa ideia na gaveta, tenha dezenas de pequenas grandes ideias espalhadas por aí que postas em prática te prepararão para a Grande Ideia Definitiva que ainda chegará. Não se esqueça que escrever é um exercício no qual você fica melhor com a prática. E não tem como escrever dez livros sem escrever primeiro um.

(se bem que eu acho que essa Grande Ideia Definitiva nunca chega, porque quando ela parece vir, você já quer outra coisa, veja o meu caso, desesperada com cada nova ideia que tenho).

PS: Ah, sim. O livro está disponível completo gratuitamente no Wattpad. Macarrão e carne moída escorriam com o calor é uma das frases do capítulo inicial dele. Achei que merecia essa piada interna, depois de tanta loucura. 🙂

Processo Criativo

Capítulo Trinta e Quatro

Imagem: Death to Stock

Muito perto do fim

“E quem sou eu nesse cenário? A boa menina que vivia entre livros, sem ambição alguma. Agora, mais perto dos trinta que dos vinte, eu tenho o mundo em minhas mãos. Em três anos viajei e trabalhei mais do que na minha vida inteira. Me tornei alguém mais forte e mais esperta. Daniel surgiu para mudar minha vida por completo, me ensinou praticamente tudo o que sei hoje. Me deu a malícia e a ambição. Me tirou de onde eu estava e me deu algo no que investir: eu mesma. Mas me soltando no mundo me prendeu a ele. E agora já não sei se consigo me soltar: por amá-lo, por precisar dele. Por querê-lo. Mesmo com os altos e os baixos.

Ainda assim, preciso tentar. Quando chego em casa, ele está a minha espera e me estuda com o olhar enquanto tiro casaco e calçados. Passo por ele e ele me puxa pela mão. Me faz sentar em seu colo e me beija. Eu o amo tanto. Não sei o que fazer com ele e nem comigo. Seguro seu rosto com gentileza entre as mãos. O abraço e ele me pede desculpas. Não sei pelo o que, mas aceito. Vamos para o quarto sem trocar mais palavra alguma, deitamos na cama, quando ele me abraça e sinto sua respiração se acalmar quando finalmente adormece. Silêncio e solidão, adormecemos juntos. Não importa em que lugar do mundo estejamos, Daniel sempre tem apenas a mim e eu sempre tenho apenas a ele.

Estamos afundando juntos, eu já não tenho mais a menor dúvida. Uma descida vertiginosa que terá o seu inevitável baque final em breve, eu já posso sentir.”

Trecho de “All Across The World”, meu primeiro romance, escrito em 2014 e prestes a ser publicado em formato digital pela Amazon.